Denial.

Denial.

domingo, 14 de setembro de 2014

Tempo

Às vezes eu me deito na cama e fico pensando nas minhas frustrações, na maior parte do tempo fantasiando muito. Penso no que escrever, mas nunca consigo palavras, só suspiros. Às vezes uma lágrima brota aqui e ali, os soluços ecoam e voltam a silenciar. No escuro, o corpo experimenta sensações estranhas, antes desconhecidas, sem eu sequer mover um músculo, porque ali, nada, nenhuma alma, nenhum ser, nem mesmo o tempo, pode me tocar.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Anthem For The Year 2000 - Um Hino Universal


We are the youth
We'll take your fascism away
We are the youth
Apologise for another day
We are the youth
And politicians are so sure
We are the youth
And we are knocking on death's door

Never knew we were living in a world
With a mind that could be so sure
Never knew we were living in a world
With a mind that could be so small
Never knew we were living in a world
And the world is an open court
Maybe we don't want to live in a world
Where innocence is so short

We'll make it up to you
in the year 2000 with...

Never knew we were living in a world
With a mind that could be so sure
Never knew we were living in a world
With a mind that could be so small
Never knew we were living in a world
And the world is an open court
Maybe we don't want to live in a world
Where innocence is so short

We'll make it up to you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000
Make it up to you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000 with you

Never knew we were living in a world
With a world that could be so sure
Never knew we were living in a world
With a mind that could be so small
Never knew we were living in a world
And the world is an open court
Maybe we don't want to live in a world
World who cares at all

We'll make it up to you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000
Make it hard for you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000
Make it hard for you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000 with you

sábado, 12 de abril de 2014

Depoimento: O trauma desta mulher

Há algum tempo, escrevi um texto sobre o trauma que toda mulher tem em relação às imposições que a sociedade coloca sobre sua aparência. Conhecemos o depoimento de muitas mulheres e, sentindo-me inspirada por elas, nada mais justo do que contribuir para a causa também com o meu. Por isso, hoje eu venho aqui para falar do meu trauma pessoal.

Eu cresci vendo minha mãe e minha irmã se depilarem constantemente e sabia que aquele também seria meu destino. Até porque eu posso dizer que sou sim bastante peluda: além dos pelos que toda e qualquer mulher tem, tenho muitos extras nos braços, nas mãos, nos dedos, nas costas e principalmente no rosto. Meu maior trauma provavelmente se concentra ali: no buço, envolta dos lábios, no queixo e na face. Em outras palavras, eu tenho uma quantidade de pelos muito maior do que muitos homens por aí.

Assim, comecei a me depilar aos 11 anos da idade.

Eu via outras garotas com rostos lisinhos e sempre me sentia suja, relaxada e feia. Ainda me sinto, em muitos momentos. Lembro-me que antes de começar a depilar o rosto por conta própria – com cera quente, devo frisar – eu ansiava desesperadamente por um dia em que minha mãe pudesse tirar os pelos para mim. Depois que eu passei a tirará-los sozinha, fazia questão de me depilar toda semana – aliás, ainda o faço – assim como uma vez por mês eu encho a minha cara de químicos para deixar os pelos negros das bochechas louros.

Porque ainda não me é fácil olhar para o espelho e ver aquele “bigode de chinês”, como diziam alguns; ou o queixo “barbado” e as bochechas cobertas de cabelos que contrastavam completamente com a cor da minha pele. Eu não sei se as pessoas reparam em mim, mas sei que eu reparo nelas. Reparo porque praticamente fui ensinada a pensar assim e não tenho nenhum orgulho disso. Tenho dificuldades de me desapegar desses hábitos e dificilmente me livrarei de muitos deles.

O que me salvou de grande parte da pressão de estar depilada foi a minha maior aproximação com o feminismo. Vi diversas mulheres exibirem seus pelos livre e orgulhosamente, assim como mulheres que mesmo se depilando apoiavam a causa de mulheres que não queriam aderir à prática. E depois de uma experiência traumática recente, envolvendo bochechas, cera quente, muita dor e uma série de ardências provocadas pelo calor e por lágrimas, eu simplesmente decidi que não poderia mais me deixar vencer por aquela pressão.

A partir daquele dia, passei a fugir dos padrões. Passei me importar menos quando os pelos do meu rosto (normalmente dois dias antes de eu tirá-los com cera) ou das pernas estão um pouco maiores e venho conseguindo manter as axilas perfeitamente peludas sem sentir qualquer incômodo. Muito pelo contrário: quando eu tenho que tirá-los - pois ainda não cheguei ao estágio de sair de casa expondo toda a cabeleira – eu honestamente sinto falta deles. Alcançadas estas pequenas conquistas, porém de enorme significado, o próximo passo é me livrar do “pudor” social que existe em relação à depilação.

Hoje me sinto muito mais livre, muito mais mulher, simplesmente pelo fato de poder ser eu mesma. O que define uma mulher não é um padrão, mas sim o direito de ela poder ser dona de seu próprio corpo e escrever sua própria história. Nosso corpo, nossas regras. Nossa vida, nossa história.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Mulher Vermelha, Volume 3: Natureza Vermelha



Mulher Vermelha, rainha de si mesma
Puta sem inocência, tem sua própria experiência

Negras brancas
Amarelas belezas
Na cor do sangue somos iguais
Somos todas mulheres vermelhas

Está na essência
O sangue de guerreira
Às vezes com ódio e veneno
Mas no fundo todos temos sangue vermelho


Sou rainha, sou eu mesma
Ninguém tira de mim
A essência que me brilha intensa

Luto por companheiras
Que morrem pela luta
Valentes guerreiras!

 Brigamos sem medo
Lutamos por nossos direitos
Seremos eternas, com nome e respeito
Donas de nossa própria verdade

Nascemos puras, nos tornamos putas
Ou nascemos putas, não existimos puras

A natureza é nua, independente e escura
A vontade e a vida é minha
Sou perfeita, natural, nua e crua

Somos mulheres vermelhas
Sempre guerreiras
Protagonistas da nossa história

E soberanas da própria vitória!

sábado, 29 de março de 2014

Os paradigmas da cultura do estupro

Gostaria de comentar brevemente os preocupantes dados levantados recentemente em relação ao comportamento das mulheres e estupros. Como mulher e como feminista, acredito que este é um tema que não pode passar batido.

Assusta-me muito o fato de que a maioria das pessoas ainda acredita que é uma saia curta que provoca um estupro. Algo que parece tão óbvio que não passa de uma desculpa para justificar a violência. Como eu já comentei em vários momentos, crianças jamais provocam sexualmente através de roupas ou comportamento e são estupradas. Velhinhas que estão dentro de casa têm seus lares invadidos e seus corpos violados. Muçulmanas vestem burcas que lhes cobrem até os olhos e são estupradas. Mulheres são estupradas por seus companheiros e por conhecidos, ou até mesmo por familiares. A roupa é só uma desculpa que um estuprador encontra para justificar uma violência que tem ele mesmo como único culpado.

Eu tive o desprazer de ter que ouvir, de uma pessoa próxima, que “onde houver uma mulher pelada e um homem vestido ninguém vai mudar a cabeça de ninguém. Não se muda a natureza”. Então quer dizer que todo homem é naturalmente um estuprador, e que estamos sujeitas a esta violência física e psicológica só para atender a esta necessidade? Pois se tem uma coisa que eu jamais irei admitir é que isso é natural. Então retruquei: “Isso não é natural! É cultural!” e a pessoa não me respondeu. Simplesmente porque não há argumentos.

É daí que vem a ideia de Cultura do Estupro. Há a influência da mídia, dos governos, da religião e das empresas na disseminação da ideia que a mulher não passa de um objeto submisso ao gênero masculino. E isso faz a cabeça tanto de homens quanto mulheres. Entretanto, há aqueles que questionem essa discriminação, sendo assim que eles não cometem os atos. Ou seja, mais uma prova de que o patriarcado prejudica mulheres e homens.


Pois parece então que a mulher que conseguiu conquistar, ainda que não suficientemente, o espaço do trabalho, da independência financeira, da autonomia, ainda terá como seu principal obstáculo o direito à não violência e à liberdade sexual. E este caminho é longo – pois temos uma maré muito forte contra nós, que é a Cultura do Estupro. Portanto, lembremos sempre que a mulher pode estar de saia, de burca ou nua – ela não está provocando. E é sempre bom reiterar: a mulher que recusar sexo, seja com quem for, seja o marido, o namorado, um cara na balada, deve ter seu não respeitado. Sexo sem consenso é estupro. Enquanto a nossa sociedade não quebrar estes paradigmas, jamais alcançaremos a harmonia que, sem dúvida, todos desejamos.

Diga não à Cultura do Estupro! Nenhuma mulher merece ser estuprada!

terça-feira, 25 de março de 2014

Àquelas pessoas...

Há momentos em nossas vidas que não sabemos explicar. São momentos que marcam, e muitas vezes marcam por conta de pessoas que os tornaram tão significantes. Acho que estou num momento desses agora.

Em agosto do ano passado, conheci uma pessoa que mudou minha concepção do mundo para sempre. Soo piegas, eu sei, mas as transformações ocorridas de lá até aqui são drásticas demais para passarem despercebidas.

Minha sede de conhecimento se aguçou muito ao longo do tempo em que fui ouvindo o que essa pessoa tinha para dizer. Aquilo era, para mim, uma fonte inesgotável de informações, raciocínios, elos e sabedoria, a qual, se eu pudesse escolher, teria colocado numa caixinha e deixado ligada o tempo todo ao lado da minha cama. Cada palavra era uma nova dimensão, uma nova reflexão, algo novo que surgia na minha mente. Muitas portas foram abertas.

Ao longo do tempo, percebi que estava em metamorfose. E o mais interessante disso é que eu vinha esperando por isso havia muito tempo. Foi o momento em que eu passei a entender, mesmo que dentro da minha simplicidade, as complexidades do mundo. E foi assim do começo até o fim – nenhuma palavra desperdiçada, todos os discursos cuidadosamente analisados. No fim das contas, encontrei um caminho para aquilo que eu vinha almejando. Não sei bem o que era; não sei se o conhecimento em si, ou talvez vias de acesso para ele. Só sei que tudo aquilo me fez muito bem; encontrei uma nova alma dentro de uma que já parecia perdida.

Agora eu sei que carregarei comigo os aprendizados deste período para a vida toda – sempre tentando aperfeiçoá-los. Levar sempre a ideia de que sempre podemos saber mais. Podemos questionar. Conhecer as complexidades do ser humano, da sociedade e do sistema em que estas entidades se encontram. E garanto que sentirei falta de todos estes ensinamentos. Assim os chamo porque não foram simplesmente aulas, não foram apenas conversas. Foram parte da minha formação como ser humano, como membro da sociedade, como mente em desenvolvimento. E como eu mencionei anteriormente, mesmo que este período de encontros tenha chegado ao fim, tais ensinamentos continuarão desempenhando um papel sempre muito relevante na pessoa que eu me tornei e ainda vou me tornar.

Um agradecimento infinito, professor.


Ingrid Smok

quarta-feira, 19 de março de 2014

Marcha da Família

Marcha, marcha
Marcha pelo bem
Marcha com papai
Seguindo as ordens de mamãe

Vem com Deus
Volta com ele
Amor para nós
Ódio para eles

Liberdade e amor
À pátria, não ao pudor
Ao meu conforto
Não ao de outro senhor

Cantemos na escola
Negue qualquer esmola
Subversivo é você
Que quer João de volta

Homem com homem é ruim
Mulher com mulher, só comigo
Malditos subversivos!
Quero minha liberdade de oprimi-los

Marcha com papai
Marcha com mamãe
Seu deus pode amar a todos
Mas o meu só ama a mim


(Uma homenagem a todos aqueles que sofreram nas mãos da ditadura militar, e meu singelo apelo àqueles que a defendem. Diga não à Marcha da Família com Deus pela Liberdade.)

sábado, 8 de março de 2014

Mulher Vermelha – 2014, Dia da Mulher! (Manifesto em forma de verso)

Por nós, rainhas da nossa luta!
Soberanas de nossas regras
Soberanas de nossos corpos
Meu corpo, minhas regras!

Por nós, rainhas da nossa luta!
Jamais temendo sair na rua
Contra o machismo e a força bruta
Contra o racismo e homofobia, de todos nós é a rua

Por nós, soberanas de nossas regras
Não sairá impune quem nos atirar pedras
Somos fortes, diferentemente do que pregas!
O corpo é meu, e essas são as minhas regras!

Somos mulheres, mulheres vermelhas
Mas somos também mulheres fortes, perfeitas!
Somos mulheres vermelhas, sempre guerreiras!
E hoje é nosso dia, amanhã também, e sempre, companheiras!

domingo, 2 de março de 2014

Mulher Vermelha, Volume 2: Marcha de Rua

Mulher nua, caminhando na rua
Beleza escura, igualdade sem cura
Estou presa num canto, sem perder meus encantos
Posso um dia estar em prantos, mas não por enquanto

Subo na mesa, derrubo a cerveja
Sou muito extrema, não vou à igreja
Me mantenho independente, mas nunca carente
O que não significa que eu amo sem compreender, o seu amor fervente

Marchando na rua, com faixas escuras
Não interessa se estou nua, de vestido ou de burca
Sou mulher vermelha, sempre guerreira
Não interessa onde esteja, ninguém me despeja.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

O trauma de cada mulher

Por que eu tenho olhos castanhos? Por que eu não nasci loura? Por que eu tenho tantos pelos? Por que eu sou gorda? Por que meu cabelo é ruim? Por que eu tinha que nascer negra? Por que eu não consigo engordar? Por que minhas coxas são grossas? Por que sou tão pálida? Por que tenho sardas? Por que meus seios são pequenos? Por que meus seios são tão grandes? Por que meu nariz tem esse formato? Por que eu nasci feia?

Todos os dias, milhões e milhões de mulheres ao redor do mundo fazem estas e outras perguntas, sempre questionando: por quê? Por que eu não posso ser bonita?

Cada mulher tem seu trauma. Em pelo menos algum momento da sua vida, toda mulher já ouviu algum tipo de crítica à sua aparência, mesmo que ela não pudesse escolhê-la. Isso pode causar uma série de problemas de autoestima, que nem todo mundo aceita e julga como “frescura”, “futilidade”, “só pensa na beleza”.

A maioria dos “tratamentos de beleza”, como se não bastasse serem dolorosos e agressivos, têm duração pré-definida. Depilação, por exemplo. Dói, muitas vezes irrita a pele e mesmo assim os pelos crescem pro resto da vida. Será que realmente merecemos passar por tudo isso só para agradar os homens? E será que os homens realmente se importam? Ou será que são os padrões, a cultura machista que torna homens e mulheres aversivos a qualquer mulher que não seja branca, loura, de olhos azuis e magra? E será que os homens também não são prejudicados por esse machismo?

Me surpreendeu o fato de que ao verem a foto publicada pela Vanity Fair, muitas pessoas disseram o quanto Scarlett Johansson (mesmo estando dentro de todos os padrões da mídia) estava feia e acabada sem maquiagem, enquanto eu mal vi diferença. Continuei achando-a linda. Como qualquer outra mulher, como qualquer pessoa que você vê na rua, ela não precisa se pintar e mostrar uma Scarlett que não existe para ser bonita. E isso vale para todas nós.


A verdade é que todas as pessoas são prejudicadas pelo machismo. Mulheres e homens. Homossexuais e heterossexuais. Transexuais e travestis. Crianças e adolescentes. E por trás disso há toda uma imposição de poder – e um mercado. Um mercado é beneficiado pela infelicidade das pessoas em relação à própria aparência. E que incentiva cada vez mais as pessoas – homens e mulheres – a se sentirem feios e insatisfeitos com si mesmos, tudo isso para conseguir uma porcentagem a mais em suas margens de lucro.


A luta feminista atual consiste de muitos focos importantes, como os direitos trabalhistas das mulheres, da não violação e contra muitos outros conservadorismos. Aquilo que as mulheres conquistaram e continuam conquistando – direito ao trabalho fora de casa, à independência, ao divórcio, entre outros - abriu espaço para mais luta, o que inclui a negação dos padrões de beleza. Hoje, como nunca, vivemos uma geração que sofre com a aparência mais do que qualquer outra – e em âmbito global. Portanto, devemos bater de frente contra esta praga, mostrando que nós, mulheres, somos perfeitas como somos, iguais em nossa própria unicidade.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Mulher Vermelha, Volume 1 - Amor Probido


Vivo um amor proibido
Um amor subversivo
Segundo tantos, inconclusivo
Restrito, nesse mundo esquisito

Estranho e descontrolado
Meus companheiros foram apanhados
Pau e pedra nos pobres coitados
Tudo culpa de servos soldados

Mas luto e consigo
Venha marchar e gritar comigo
Venha vingar meus amigos
Sem fazer o que fazem contigo

Sou mulher guerrilheira
Sou mulher vermelha
Sempre guerreira
E que jamais se ajoelha.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Queria estar num lugar...

Queria estar num lugar onde os sentimentos não fossem tratados como frescura.

Queria estar num lugar onde as pessoas não fossem tão obcecadas pelo trabalho.

Queria estar num lugar onde eu pudesse chorar quando eu quisesse.

Queria estar num lugar onde as pessoas se abraçam mais.

Queria estar num lugar onde as pessoas amam mais.

Queria estar num lugar onde as pessoas pudessem saber mais.

Queria estar num lugar onde as pessoas pudessem fazer mais.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Dez poemas.

Um poema
Duas letras
Três palavras
Quatro frases
Cinco parágrafos
Seis páginas
Sete capítulos
Oito livros
Nove manuscritos

Dez versinhos.

Mundanças no nome de blog

Por algumas razões, estou mudando o nome do meu blog.

Algumas coisas estão mudando, afinal o ano é novo, a pessoa é nova, as ideias são novas, o mundo é novo, a cabeça é outra.

Um bom ano a todos.


Smok