Denial.

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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

É fácil ter ideais

“É fácil ter ideais”

Às vezes vão dizer que me tornei mais uma adolescente depressiva estereotipada dessa geração. Dirão que eu estou desperdiçando minha vida, que passo o tempo todo na frente de uma tela de computador e que não saio do meu quarto.

De fato, não saio. Tenho muito trabalho a fazer; quando se está dentro de uma universidade – mesmo antes de entrar no ensino superior – a vida se torna outra, e o mundo adulto se torna mais evidente. As responsabilidades surgem, e ao longo que estudamos, trabalhamos, deixamos de ter lazer, acabamos nos alienando da vida. Mas se trabalhamos com o que gostamos, pode ser que isso se amenize. Não sei, não cheguei nessa fase da vida ainda.

A questão é: não, não me tornei uma adolescente depressiva. Muito pelo contrário. Parece que estou me encontrando no mundo. Venho fazendo descobertas maravilhosas e ao mesmo tempo bastante assustadoras sobre quem eu sou, sobre quem as pessoas à minha volta podem ser e sobre o que a sociedade vem se tornando. E com isso venho crescendo. Já dizia Sócrates: “É sábio o homem que pôs em si tudo que leva à felicidade ou dela se aproxima.”

“É fácil ter ideais” – esta foi a frase que ouvi em um dos momentos em que eu tentava explicar o porquê de querer fazer História na universidade. Por que não uma engenharia? Ou alguma tecnologia? Medicina?

Simples – porque meu objetivo é outro. Não que eu não goste das outras áreas; eu gostaria muito de fazer Engenharia da Produção, ou quem sabe Engenharia Industrial Madeireira. Mas meu negócio não é a indústria. Não é a produção. O que eu realmente quero fazer é entender quem somos – como surgimos, como nos tornamos assim. De onde veio a sociedade? Como ela evoluiu? Se é que evoluiu? Por que chegamos a tal ponto? E que ponto é esse? Como será daqui pra frente?


É por causa disso que eu percebi que sou das Ciências Humanas. História, Filosofia, Sociologia, Geopolítica, sempre foram as disciplinas que mais me interessaram e que me abriram para o caminho do conhecimento que eu sempre busquei. É graças a elas que me encontrei. Que encontrei – ou venho encontrando – meus ideais.

Então quer dizer que é fácil ter ideais, dizer que vou estudar História, para depois chegar na hora de conseguir um emprego e ver que ser professor é difícil, que ninguém é valorizado?

Aí é que está a grande questão. Quanto menos pessoas quiserem seguir a carreira de educador, mais decadentes nos tornaremos. Não é só de professores que precisamos – é de professores capacitados, dispostos a abrir a mente do aluno. Não basta torná-lo cidadão; deve-se torná-lo consciente de que o mundo é muito mais do que crescer, trabalhar e morrer. O mundo é mais do que uma grande indústria, porém está mascarado pelas exigências de um mercado ditador.

Aí os “desperdiçadores de tempo” – historiadores, filósofos, sociólogos, artistas e até mesmo psicólogos – acabam caindo na desvalorização, pois o que se entende por valor hoje parece ser a honra de estar na grande indústria. A luta por ideais se torna tabu, enquanto vemos a sociedade caminhar cada vez mais para o detrimento absoluto.


Não, não é fácil ter ideais. 

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