Denial.

Denial.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O Holocausto ainda não acabou

Em um dia como hoje, em que são lembrados os 70 anos da libertação de Auschwitz, fala-se muito em não repetir o holocausto. Porém, enquanto eu escrevo isso, um bilhão de pessoas ainda passa fome no mundo. Milhões estão em situação de escravidão nas fábricas das multinacionais na China, em Taiwan, na Tailândia e também nos latifúndios aqui no Brasil. Milhões de homossexuais são perseguidos em diversos países do mundo como se fossem abominações. Milhões de negros são segregados, assassinados e marginalizados no mundo inteiro como se não fossem dignos de humanidade.


O holocausto não acabou. Não foi a primeira, nem a última, nem a mais importante, nem a menos importante, das atrocidades realizadas pelas mãos do ser humano. Enquanto o mundo for uma Auschwitz gigantesca, devemos continuar a lutar por um mundo livre para todos, sem distinção de raça, sexualidade, crença e posição social.


domingo, 14 de setembro de 2014

Tempo

Às vezes eu me deito na cama e fico pensando nas minhas frustrações, na maior parte do tempo fantasiando muito. Penso no que escrever, mas nunca consigo palavras, só suspiros. Às vezes uma lágrima brota aqui e ali, os soluços ecoam e voltam a silenciar. No escuro, o corpo experimenta sensações estranhas, antes desconhecidas, sem eu sequer mover um músculo, porque ali, nada, nenhuma alma, nenhum ser, nem mesmo o tempo, pode me tocar.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Anthem For The Year 2000 - Um Hino Universal


We are the youth
We'll take your fascism away
We are the youth
Apologise for another day
We are the youth
And politicians are so sure
We are the youth
And we are knocking on death's door

Never knew we were living in a world
With a mind that could be so sure
Never knew we were living in a world
With a mind that could be so small
Never knew we were living in a world
And the world is an open court
Maybe we don't want to live in a world
Where innocence is so short

We'll make it up to you
in the year 2000 with...

Never knew we were living in a world
With a mind that could be so sure
Never knew we were living in a world
With a mind that could be so small
Never knew we were living in a world
And the world is an open court
Maybe we don't want to live in a world
Where innocence is so short

We'll make it up to you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000
Make it up to you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000 with you

Never knew we were living in a world
With a world that could be so sure
Never knew we were living in a world
With a mind that could be so small
Never knew we were living in a world
And the world is an open court
Maybe we don't want to live in a world
World who cares at all

We'll make it up to you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000
Make it hard for you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000
Make it hard for you
In the year 2000
Build it up for you
In the year 2000 with you

sábado, 12 de abril de 2014

Depoimento: O trauma desta mulher

Há algum tempo, escrevi um texto sobre o trauma que toda mulher tem em relação às imposições que a sociedade coloca sobre sua aparência. Conhecemos o depoimento de muitas mulheres e, sentindo-me inspirada por elas, nada mais justo do que contribuir para a causa também com o meu. Por isso, hoje eu venho aqui para falar do meu trauma pessoal.

Eu cresci vendo minha mãe e minha irmã se depilarem constantemente e sabia que aquele também seria meu destino. Até porque eu posso dizer que sou sim bastante peluda: além dos pelos que toda e qualquer mulher tem, tenho muitos extras nos braços, nas mãos, nos dedos, nas costas e principalmente no rosto. Meu maior trauma provavelmente se concentra ali: no buço, envolta dos lábios, no queixo e na face. Em outras palavras, eu tenho uma quantidade de pelos muito maior do que muitos homens por aí.

Assim, comecei a me depilar aos 11 anos da idade.

Eu via outras garotas com rostos lisinhos e sempre me sentia suja, relaxada e feia. Ainda me sinto, em muitos momentos. Lembro-me que antes de começar a depilar o rosto por conta própria – com cera quente, devo frisar – eu ansiava desesperadamente por um dia em que minha mãe pudesse tirar os pelos para mim. Depois que eu passei a tirará-los sozinha, fazia questão de me depilar toda semana – aliás, ainda o faço – assim como uma vez por mês eu encho a minha cara de químicos para deixar os pelos negros das bochechas louros.

Porque ainda não me é fácil olhar para o espelho e ver aquele “bigode de chinês”, como diziam alguns; ou o queixo “barbado” e as bochechas cobertas de cabelos que contrastavam completamente com a cor da minha pele. Eu não sei se as pessoas reparam em mim, mas sei que eu reparo nelas. Reparo porque praticamente fui ensinada a pensar assim e não tenho nenhum orgulho disso. Tenho dificuldades de me desapegar desses hábitos e dificilmente me livrarei de muitos deles.

O que me salvou de grande parte da pressão de estar depilada foi a minha maior aproximação com o feminismo. Vi diversas mulheres exibirem seus pelos livre e orgulhosamente, assim como mulheres que mesmo se depilando apoiavam a causa de mulheres que não queriam aderir à prática. E depois de uma experiência traumática recente, envolvendo bochechas, cera quente, muita dor e uma série de ardências provocadas pelo calor e por lágrimas, eu simplesmente decidi que não poderia mais me deixar vencer por aquela pressão.

A partir daquele dia, passei a fugir dos padrões. Passei me importar menos quando os pelos do meu rosto (normalmente dois dias antes de eu tirá-los com cera) ou das pernas estão um pouco maiores e venho conseguindo manter as axilas perfeitamente peludas sem sentir qualquer incômodo. Muito pelo contrário: quando eu tenho que tirá-los - pois ainda não cheguei ao estágio de sair de casa expondo toda a cabeleira – eu honestamente sinto falta deles. Alcançadas estas pequenas conquistas, porém de enorme significado, o próximo passo é me livrar do “pudor” social que existe em relação à depilação.

Hoje me sinto muito mais livre, muito mais mulher, simplesmente pelo fato de poder ser eu mesma. O que define uma mulher não é um padrão, mas sim o direito de ela poder ser dona de seu próprio corpo e escrever sua própria história. Nosso corpo, nossas regras. Nossa vida, nossa história.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Mulher Vermelha, Volume 3: Natureza Vermelha



Mulher Vermelha, rainha de si mesma
Puta sem inocência, tem sua própria experiência

Negras brancas
Amarelas belezas
Na cor do sangue somos iguais
Somos todas mulheres vermelhas

Está na essência
O sangue de guerreira
Às vezes com ódio e veneno
Mas no fundo todos temos sangue vermelho


Sou rainha, sou eu mesma
Ninguém tira de mim
A essência que me brilha intensa

Luto por companheiras
Que morrem pela luta
Valentes guerreiras!

 Brigamos sem medo
Lutamos por nossos direitos
Seremos eternas, com nome e respeito
Donas de nossa própria verdade

Nascemos puras, nos tornamos putas
Ou nascemos putas, não existimos puras

A natureza é nua, independente e escura
A vontade e a vida é minha
Sou perfeita, natural, nua e crua

Somos mulheres vermelhas
Sempre guerreiras
Protagonistas da nossa história

E soberanas da própria vitória!

sábado, 29 de março de 2014

Os paradigmas da cultura do estupro

Gostaria de comentar brevemente os preocupantes dados levantados recentemente em relação ao comportamento das mulheres e estupros. Como mulher e como feminista, acredito que este é um tema que não pode passar batido.

Assusta-me muito o fato de que a maioria das pessoas ainda acredita que é uma saia curta que provoca um estupro. Algo que parece tão óbvio que não passa de uma desculpa para justificar a violência. Como eu já comentei em vários momentos, crianças jamais provocam sexualmente através de roupas ou comportamento e são estupradas. Velhinhas que estão dentro de casa têm seus lares invadidos e seus corpos violados. Muçulmanas vestem burcas que lhes cobrem até os olhos e são estupradas. Mulheres são estupradas por seus companheiros e por conhecidos, ou até mesmo por familiares. A roupa é só uma desculpa que um estuprador encontra para justificar uma violência que tem ele mesmo como único culpado.

Eu tive o desprazer de ter que ouvir, de uma pessoa próxima, que “onde houver uma mulher pelada e um homem vestido ninguém vai mudar a cabeça de ninguém. Não se muda a natureza”. Então quer dizer que todo homem é naturalmente um estuprador, e que estamos sujeitas a esta violência física e psicológica só para atender a esta necessidade? Pois se tem uma coisa que eu jamais irei admitir é que isso é natural. Então retruquei: “Isso não é natural! É cultural!” e a pessoa não me respondeu. Simplesmente porque não há argumentos.

É daí que vem a ideia de Cultura do Estupro. Há a influência da mídia, dos governos, da religião e das empresas na disseminação da ideia que a mulher não passa de um objeto submisso ao gênero masculino. E isso faz a cabeça tanto de homens quanto mulheres. Entretanto, há aqueles que questionem essa discriminação, sendo assim que eles não cometem os atos. Ou seja, mais uma prova de que o patriarcado prejudica mulheres e homens.


Pois parece então que a mulher que conseguiu conquistar, ainda que não suficientemente, o espaço do trabalho, da independência financeira, da autonomia, ainda terá como seu principal obstáculo o direito à não violência e à liberdade sexual. E este caminho é longo – pois temos uma maré muito forte contra nós, que é a Cultura do Estupro. Portanto, lembremos sempre que a mulher pode estar de saia, de burca ou nua – ela não está provocando. E é sempre bom reiterar: a mulher que recusar sexo, seja com quem for, seja o marido, o namorado, um cara na balada, deve ter seu não respeitado. Sexo sem consenso é estupro. Enquanto a nossa sociedade não quebrar estes paradigmas, jamais alcançaremos a harmonia que, sem dúvida, todos desejamos.

Diga não à Cultura do Estupro! Nenhuma mulher merece ser estuprada!

terça-feira, 25 de março de 2014

Àquelas pessoas...

Há momentos em nossas vidas que não sabemos explicar. São momentos que marcam, e muitas vezes marcam por conta de pessoas que os tornaram tão significantes. Acho que estou num momento desses agora.

Em agosto do ano passado, conheci uma pessoa que mudou minha concepção do mundo para sempre. Soo piegas, eu sei, mas as transformações ocorridas de lá até aqui são drásticas demais para passarem despercebidas.

Minha sede de conhecimento se aguçou muito ao longo do tempo em que fui ouvindo o que essa pessoa tinha para dizer. Aquilo era, para mim, uma fonte inesgotável de informações, raciocínios, elos e sabedoria, a qual, se eu pudesse escolher, teria colocado numa caixinha e deixado ligada o tempo todo ao lado da minha cama. Cada palavra era uma nova dimensão, uma nova reflexão, algo novo que surgia na minha mente. Muitas portas foram abertas.

Ao longo do tempo, percebi que estava em metamorfose. E o mais interessante disso é que eu vinha esperando por isso havia muito tempo. Foi o momento em que eu passei a entender, mesmo que dentro da minha simplicidade, as complexidades do mundo. E foi assim do começo até o fim – nenhuma palavra desperdiçada, todos os discursos cuidadosamente analisados. No fim das contas, encontrei um caminho para aquilo que eu vinha almejando. Não sei bem o que era; não sei se o conhecimento em si, ou talvez vias de acesso para ele. Só sei que tudo aquilo me fez muito bem; encontrei uma nova alma dentro de uma que já parecia perdida.

Agora eu sei que carregarei comigo os aprendizados deste período para a vida toda – sempre tentando aperfeiçoá-los. Levar sempre a ideia de que sempre podemos saber mais. Podemos questionar. Conhecer as complexidades do ser humano, da sociedade e do sistema em que estas entidades se encontram. E garanto que sentirei falta de todos estes ensinamentos. Assim os chamo porque não foram simplesmente aulas, não foram apenas conversas. Foram parte da minha formação como ser humano, como membro da sociedade, como mente em desenvolvimento. E como eu mencionei anteriormente, mesmo que este período de encontros tenha chegado ao fim, tais ensinamentos continuarão desempenhando um papel sempre muito relevante na pessoa que eu me tornei e ainda vou me tornar.

Um agradecimento infinito, professor.


Ingrid Smok